28.2.11

Perfume



Não lembro quando foi a primeira vez que comecei a me interessar por perfumes. Meu pai sempre me disse que eu era uma menininha tão cheirosa que não precisava de desodorantes, quanto mais de perfumes. Não tenho dúvidas que para ele sempre fui esta menina. Sorte eu tive de ter uma mãe que me ensinou a usar desodorantes, como uma pessoa normal. Pensar que eu poderia ser uma mulher com a crença de que não precisava de desodorantes é angustiante, além do que, colocaria todas as pessoas desse mundo longe de mim. Ninguém suporta mau cheiro.

Meu primeiro perfume foi o "Ops Azul" da Boticário, lembro de ter comprado com o dinheiro de umas aulas de matemática que dei. Usei durante anos, até que saiu de linha. Depois deste tive mais dois ou três. E hoje uso dois, um da Carolina Herrera e outro da Boss.

Também nunca fui de notar perfume de homens, que não fosse do meu pai e dos meus irmãos. Apesar de ser muito racional e querer explicação para tudo, eu sei, perfumes e o que eles despertam é completamente irracional. Mas um perfume tem me causado arrepios: Polo Azul.


A única coisa que eu desejo é que esta sensação não se perca juntamente com tantas outras que naturalmente se vão com o passar dos anos.

25.2.11

Tudo pela metade - texto velho mais recente do que nunca

Porque eu sou assim, pela metade. Se faço alguma coisa é pela metade, embora que o inteiro tenha um forte atrativo sobre mim.

Sou assim, pela metade na altura, pela metade nas atitvidades que me proponho a fazer, pela metade nos sentimentos. Pela metade. Poderiam me chamar de "metade" ao invés de Lhaís, seria mais adequado. Lhaís é um nome complicado que ninguém entende, é preciso falar uma (Lais), repetir duas ( Ah sim, Laissa), três ( Thais), quatro (Ilhais, com y né?!) , cinco ... n vezes. Parece que tenho a língua enrolada. Falaram-me algumas vezes que falo baixo. Mas não acredito que seja esse o problema, o problema está no ouvido de quem quer saber. Se pergunta, fique atento oras! Não é sobre isso que me ponho a escrever. Venho escrever sobre a incompletude,se é que existe essa palavra, se não existe acabo de inventar. Sou assim, pela metade. Sabe aquela pessoa que faz as coisas pela metade? Sou eu. É preciso dizer que não faço mal feito, isso pode dar confusão, só faço pela metade.

Ponho-me a escrever sobre isso, porque isso anda contribuindo para que cada vez eu me sinta pior Uma hora ou outra as pessoas te tacam na cara - Dá para fazer as coisas do começo ao fim? - as pessoas são assim (me incluo nelas) querem ver o final de tudo. Não gostam de coisas inacabadas. Querem ver o fim, seja onde raios esteja esse fim. Mas sou menos, embora me cobre muito. Sou muito exigente. Não parece, mas sou. Ficar mal com as atividades inacabadas é um ponto importante. Reflito, fico mal, levanto, procuro me reerguer e começar de novo ou começar de onde parei. Mas as pessoas não entendem, ela querem pessoas 100% em tudo. Tudo pela metade. O mais importante é saber que se eu quiser , faço as coisas por inteiro! Eu sou assim.

Essa é a minha casa em Londres e uma de suas paredes



Paredes nunca foram muito notadas por mim. Na casa dos meus pais por muito tempo elas não eram pintadas, longos anos depois meu pai se rendeu ao meu nervosismo de tanto insistir para a reforma da casa. Gosto de pensar que fui eu que o convenci, uma proeza e tanta.

Morando em Londres passei a notá-las ainda mais, paredes para que elas servem? Consigo pensar em três possibilidades: dividir os cômodos, poder trocar de roupa ou fazer coisas sem que outras pessoas vejam, diminuir os ruídos. Essas duas últimas, com ajuda das portas.
Por fim, acabei descobrindo que detesto as construções inglesas, não só escuto o que as pessoas fazem do lado de lá, como elas também me escutam. E a pergunta que me vem à cabeça é: pra que elas servem? Pensando bem, poderiam contribuir com menos gastos e tempo de obras, construindo casas com cortinas fazendo o papel das divisórias, ou ainda de plástico.

12.2.11

Eu afirmaria que estamos inclinados ao amor - Ai já era


Esse é o nome de uma música, encontrei procurando por músicas que possivelmente a minha melhor amiga escutaria. A música fala de amor, de quando encontramos uma pessoa que está na mesma sintonia.
"E aí já era, é hora de se entregar, o amor não espera, só deixa o tempo passar, e fica para o coração a missão de avisar. E o meu tá dando sinal, está querendo te amar. "

Mas não é disso que quero falar, quero falar sobre o encontro, o encontro que a música fala também é de amor, eu também falo de um encontro de amor. O encontro comigo mesma.

Eu te escolhi você me escolheu, eu sei.

Por longos dias eu não me escolhi, escolhi o outro. Mas o que me restou do outro foi a angústia, a dor de me sentir descartável. Foi quando, após uma conversa, voltei para casa correndo, andava de um lado para outro: e agora? Aquele dia eu que cumpri o ritual, sentei no sofá, abri a janela e senti o vento bater no meu rosto. A única coisa que eu queria naquele momento era uma resposta. Uma resposta para tudo aquilo que eu acabara de viver, para aquilo que eu sentia e não conseguia me desfazer. Deitada no sofá, com os olhos fechados, sozinha eu me escolhi. Foi então que eu senti vontade de me amar. Vontade de estar comigo por inteira, eu nunca estive comigo. A Lhaís sempre esteve em segundo plano. Mas sem dramatização, comecei a correr atrás de mim. Aonde eu tinha deixado Aquele sorriso? Aonde eu tinha deixado Aquela menina que estava pronta para vida? É preciso me encontrar...

Tomei algumas decisões naquele dia:

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, a margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa)

Precisava me desfazer das roupas usadas, que já tinham pegado a forma do meu corpo. Precisava mudar. Eu me escolhi, escolhi mudar de vida, já que aquela tinha me levado a um lugar de tristeza e sofrimento.

Ø Morar sozinha já não me fazia bem, foi quando abri a porta do apartamento para duas meninas morar comigo. Sabia que a vida mudaria a partir dali, talvez não fosse fácil, afinal eu nunca tinha morado em uma "
república" - entre aspas, porque era minha casa. Não me renderia tão fácil ao nome "república".

Ø
Aventurar, resolvi me aventurar. Aquela ânsia de correr, de andar no meio do mato, de andar de bicicleta, de acampar, de viajar, tinha voltado. Vamos? Vamos! Vale até programa de índio.

Ø Mas e se eu mudasse de país? Será que eu não me colocaria em pé mais rapidamente? Vou tentar, lá fui eu no mesmo dia pesquisar.
Londres foi a escolhida, vou para Londres. Também sabia que muitas mudanças viriam, trancar a faculdade, sair do trabalho e seguir viagem.

Ø
Parar de pensar naquilo que me consumia, parar de pensar naquilo que só dava vazão para tristeza. Não foi fácil, estava acostumada à alguns pensamentos. Sabia que viria muita dor, mas precisava me esforçar, canalizar energia para não pensar mais nas mesmas coisas. Precisava fazer a travessia.

Ø
Fazer coisas que me façam bem, mas o que? Vale qualquer coisa, para os que pensam longe demais, dentro daquilo que me mantém inteira e saudável (físico e mentalmente).

Ø
Limpeza, era preciso começar a limpar a sujeira que ficou. Foi quando aprendi que têm coisas que devem deixar de existir, vai para o lixo mesmo. Mas e? Não, não tínhamos conversado que não se pensaria mais naquilo que te faz mal? Limpar custará muita energia e é preciso canalizar energia para construir um novo caminho. Muita coisa foi para o lixo. Inclusive parte de mim, que me fez sentir raiva, tristeza e, posterior, aceitação. Aceito que as pessoas fazem escolhas e que posso estar fora delas. Eu também faço as minhas escolhas e, agora, tenho outras prioridades.

Cheguei em Londres, meses depois daquele dia de decisões importantes. Deixei para trás pessoas, papéis, móveis, fotografias, deixei para trás um passado. Comecei a construir um novo caminho. Com outras perspectivas, com outros objetivos, lá estou eu no centro de tudo. Volto para o Brasil depois de 6 meses morando fora. Tem muita gente que não vai entender nada, voltar antes do tempo, antes do programado. Mas o que estava programado mesmo? Existia uma lista de "things to do", hoje existe outra lista de "to do", muito maior, com muita coisa para viver. Mas acontece que eu quero viver no Brasil, porque eu estou no centro, mas algumas pessoas estão no centro comigo.








11.2.11

Coisas para aprender quando se vai morar em outro bairro, outra cidade ou outro país.


O primeiro de todos os pontos, parece óbvio, mas é possível que você ache que vai agüentar por um longo tempo: o tempo que se leva para cumprir o seu maior compromisso diário. Nos primeiros dias, arriscaria dizer até meses, você estará animado, contente e feliz, sendo assim você suportará levantar todos os dias mais cedo. Mas pare para pensar melhor, mais do que três meses já começa a calejar.

O segundo ponto é , verifique os transportes que poderão ser utilizados: seus pés, bicicleta (se você quiser deixar o sedentarismo para o sofá), metro, trem ou ônibus. Nos primeiros dias faça todos os caminhos possíveis (alguns que te chamarão de louco(a) por fazer, daqueles que você pega um metro, um ônibus , trem e caminha um trecho a pé), e anote o tempo gasto. Assim você saberá qual compensa mais. Ajudará também a saber qual fazer quando algum transporte estiver fechado, para melhoras, consertos ou porque algum insano fez alguma merda!

O terceiro ponto é, verifique como se locomoverá aos finais de semana e feriados. Nesses dias que você poderia aproveitar para lazer é que você percebe que não há transportes para sair do sofá, justificando assim o seu estado "blasé" , ou ainda, o seu sedentarismo.

O FINAL DE SEMANA vai ser assim: sem underground e sem overground. Alguns planos para não contribuir com a preguiça e com o mau humor:
• Levantar cedo e começar a caminhar (e daí que está frio?! Eu não ligo mesmo...)
• Ir ao cinema, afinal eu ainda não conheço o cinema de "Londres";
• Tentar encontrar uma calça, é verdade, uma rasgou embaixo da bunda. Será que é porque estou gorda demais? Quem me falou isso, duvido que tenha imaginado que dias depois eu ainda estou pensando nisso;
• Começar a comprar presentes para as pessoas queridas (vou ter que comprar uma outra mala, já que posso voltar para o Brasil com duas malas de 32kg e só vim com uma só) e,

Claro, como não poderia deixar de ser, ler um pouquinho, para não contribuir com a burrice que tem se instalado no meu cérebro.

9.2.11

O Preço que se paga é alto demais


Como se fosse hoje - o gosto amargo na boca e a sensação de impotência. Noites mal dormidas, cansaço físico e mental, a pergunta não desaparece da cabeça: por que tanto sofrimento? A resposta não aparece e o tempo vai passando. A esperança de que tudo se ajeite é vivida dia após dia. Nessas horas nos obrigamos ser menos egoístas, diante do sofrimento daqueles que amamos.
Hoje eu estou em Londres, depois de todo o sofrimento, depois de conhecer o antes, o durante e o depois dessa dor. Às vezes ela da uma trégua, quando aproveitamos para renovar um pouquinho da esperança para continuar....
Diante de tudo que foi vivido, da dor desesperadora, descobri um dos sentimentos mais bonitos: o amor. O amor verdadeiro, daquele que não espera nada em troca, que suporta tudo, que está acima de qualquer acontecimento, ETERNO.

Volto a me inconformar, se eu pudesse viveria tudo por ela, para que ela não sentisse nem um pouco desse desespero que não sossega o coração.
Ao menos se ela pudesse dividir a dor comigo: quando ela se cansasse, eu sentiria tudo; quando eu me cansasse, ela carregaria. Mas o mundo não permiti isso. O que me alivia é saber da sua força, saber que assim como eu, você ficará bem.
Saber que o corpo humano é uma máquina fantástica. Com um mecanismo que não sabemos como e nem quando, um dia acordamos e nos sentimos melhores, com força para enfrentar a claridade, a vida...

O que vale a pena mesmo?