18.7.11


Comecei o dia ao meio dia, dormi bem, a ida ao Festival de Paranapiacaba me cansou e eu só fui perceber hoje. Arrumei algumas coisas no meu quarto (confesso, ando bem bagunceira mesmo), lembrei que tinha que comprar roupas de frio para uma campanha do agasalho que estou participando e resolvi ir ao shopping. Antes de sair de casa peguei um livro, enfiei na bolsa e lá fui eu. Depois de cumprir com o grande propósito de comprar roupas para campanha parei no café para ler. Li até quase perder o horário do filme. O filme que eu fui assistir ...

Midnight in Paris
- Filme de Wood Allen que obviamente passa em Paris. Confesso que Paris não é e nunca foi tão encantadora para mim como aos olhos de Wood Allen. Owen Wilson que faz um personagem que é roteirista nos EUA, mas que está em busca de "insights" para escrever seu livro em Paris. Ele vai para Paris com a noiva e a família dela, mas descobre que quer morar lá mesmo. Wood Allen põe em confronto, através dos personagens de Owen Wilson e Michael Sheen, a arte vivenciada e a intelectualizada. O filme é bonitinho, esperava um filme bonitinho e bobinho, mas me fez rir com alguns diálogos entre os grandes escritores e artistas da época. O filme acabou por quebrar um pouco a imagem que tenho, chuvosa Paris parece bonita.

E o dia terminou assim, depois de ir ao cinema, ainda no clima do filme, fui comprar um vinho. Dessa vez escolhi um que ainda não tinha tomado - Miolo, TerraNova, Vinho Fino Tinto Seco, Shiraz 2009, Vale do São Francisco, Brasil - e tomei para começar a semana bem ao som de boas músicas.

Na linha de que viver feliz é o que há de melhor nessa vida, que o dia começou leve, foi leve e vai terminar assim, com um sorriso no rosto e tentando manter a leveza de espírito.

15.7.11



Hoje foi um dia que eu percebi que eu ainda sinto. Mas sinto de outra maneira, menos dolorida, com menos desespero. Aquela cicatriz que está ali para me mostrar que foi vivido tudo, de todas as maneiras - como diria o grande Fernando Pessoa - mas que alerta, que só a cicatriz pode te dar. O alerta que me faz viver com precaução para evitar dor como a que foi vivida. Para evitar que eu caia na armadilha de achar que a vida pode ser vivida com intensidade e riscos desconhecidos (os perigos são demais), mas com cuidado para não pisar fora e cair.

Hoje eu vejo que consigo conversar sobre um assunto que um dia que eu achei que seria impossível para mim. Que me causava desespero quando pensava que alguém fosse me abordar falando do que eu tinha vivido ou com uma situação parecida. Eu queria era mesmo sair correndo, como fiz muitas vezes. E ao contrário do que pode parecer ou do que algumas pessoas achariam - não é covardia, não. Nessas horas que eu digo que é importante se conhecer para saber até onde é suportável, até onde vai doer e você vai suportar, até onde dá e onde não da mais. Foi o que eu fiz, me dei um tempo, fugi das pessoas, tentei fugir de mim mudando de país. Mas não consegui e aprendi que onde quer que eu vá levo a minha cabeça. Não, meu amigo, não da para fugir de pensamentos e de quem você é. You will hear your heart beating everywhere. Mas eu sobrevivi, cá estou, o processo de repressão funcionou. Como disse, ainda sinto, mas segui em frente. Cada dia uma batalha, como prometido para mim e para minha querida mãe vou seguir em frente e com a certeza de que: There's no other way - felicity is my way.






14.7.11

The world keeps spinning.

7.7.11

Eu estou tentando levar a vida, em paz, procurando levar tudo numa boa. Tentando fazer valer a pena, dias ensolarados e sorriso no rosto (mesmo que não seja sempre assim). E pelo horário sei que a insônia voltou, mas diriam, o que é que você está fazendo no computador essa hora? Fico no computador para fugir de pensamentos que querem me maltratar, que querem judiar e me escurraçar. Porque quando as pessoas dizem coisas sobre você, é até possível pensar e achar que não tem nada a ver com você. Tudo criação da cabeça do outro, visão de quem está de (e por) fora, porque aqui dentro a gente sabe que é de outro jeito. Mas quando os pensamentos são de dentro para fora, Ah, aí sim meu amigo, quero ver você escapar. O jeito é se enganar, aos poucos, em doses homeopáticas, como se resolvesse os problemas do seu mundo. Mas eu tento, dizem que o que vale é tentar, não é?

É importante parar , com a consciência de que parar mesmo é impossível...

5.7.11

A hora do cansaço

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Tem dias que Drummond fala mais alto. Que me impressiono com a forma que ele me atinge. Que percebo o quanto estou cansada de respirar a eternidade, e vejo, e sinto, a finitude das coisas. E eu me pergunto, como ontem, e hoje, até quando? Até quando rebaixaremos o amor ao estado de utilidade?

1.7.11

Sentados um ao lado do outro. Olhos contrários, eles se entreolham, olham um para o outro. Ele se aproxima e coloca o braço no ombro dela. Abraçam-se num ímpeto, como se estivessem esperando por isso há muito tempo. Sabiam-se bonitos, por um instante eles conheciam um ao outro. Por um momento eles sabiam o que queriam, como queriam, sabiam que queriam estar juntos. Carinho gratuito, carinho desprendido. Intensificaram o carinho, estavam entregues. Ele tinha que descer. Estavam no ônibus e o ponto dele tinha chegado. Era hora de se despedir, desembarque pelo lado direito, um último abraço e saíram de cena.

Longe um do outro. Longe um do outro era possível, nada poderiam fazer para embaçar o que tinham vivido juntos, ali, há poucos minutos. Longe estavam seguros. O momento inundou suas vidas...